quinta-feira, 29 de novembro de 2007

UM GRUPO NÃO FINANCIADO.

ESTREIA 29 DE JUNHO DE 2008!

Reinaldo Meireles 2007

José Ferreira e Joaquim Pacheco nasceram nos anos vinte de mil e novecentos.
O Zé conhecido por Raia ou Beleza aproximadamente oito anos mais velho que Picota, tinha por nome de baptismo, José Ferreira da Silva, era o mais velho de três irmãos e enlouqueceu por volta dos vinte anos por um amor não correspondido de Maria.

 

Foi então que a partir dai nessa década todas as mulheres na freguesia se chamaram Marias e todos os Homens Quins “ namorado de Maria”.
A sua Loucura nunca ficou provada, o seu grau de inteligência sempre duvidoso, levou a vários pensamentos sobre que o seu estado de autista seria uma forma de encapotar a realidade.
Carregado de pulgas e sarro, a todos recomendava desinfecção, sendo assim caracterizado usava de Verão calçado e agasalho e de Inverno, manga curta e descalço.
 Faleceu no hospital de Paredes, depois de ser atropelado em Bitarães e abandonado, devido a falta de cuidados médicos, dado que o seu estado sanitário e higiénico era segundo os terapeutas deplorável.



Várias foram as vezes em que o Raia se cruzou com Picota de nome verdadeiro Joaquim Pacheco e apesar de figura típica do “Tojinho” rua de Novelas, este também sempre andou descalço sendo o mais novo de uma família de cinco irmãos.
Solteirão por devoção, “embora conste que tivesse uma filha e dois netos” cortava e carregava o mato sempre descalço, foi jornaleiro inicialmente na Folha e terminou a sua vida a tempo inteiro na casa das Melas.
É de salientar que estas duas figuras marcaram Novelas e deixam um registo de que a loucura ou a pseudo loucura do Zé nunca foi compatível com a força do Quim, por isso várias vezes se trocaram de mimos.


Reinaldo Meireles
Jovens na Ocupação de Tempos Livres




RAIA/PICOTA VIDAS CRUZADAS

PREPARAÇÃO

 
O Grupo de Apoio a Jovens na Ocupação de Tempos Livres, continua os desígnios que fazem parte das suas convicções e nos quais acreditam, enaltecer os jovens e a freguesia de Novelas levando o seu nome cada vez mais longe.
Demarcam-se assim de diversas colectividades e associações da freguesia, fazendo aquilo que á partida seria impensável e praticamente impossível, contrariando os usos e costumes.
Fizeram-no muito bem e a apresentação final do trabalho intitulado “Um acidente no rio Sousa” com casa cheia e sem lugar onde fosse capaz de colocar mais gente foi prova disso e levou a que este grupo acreditasse nesta nova forma de cativar o público e os jovens a assistirem aos espectáculos do mundo audiovisual, que teimavam em não sair da monotonia e onde só alguns poderiam participar.
Com uma capacidade de ver mais além, com qualidade, com o empenho de todo o grupo, com um espírito criativo e inovador criando igualdade de oportunidades onde todos possam participar estes objectivos fizeram parte de um profissionalismo do realizador que leva a que realmente se faça cada vez mais e melhor.

 

Mas os “Jovens na Ocupação de Tempos Livres, não param, avançam e conquistam público, faz a apresentação em diversos locais como é caso do CCC - Clube Convívio e Cultura de Penafiel, no mês de Abril e no próximo mês de Julho no Bar do Lago em projecção de Data Show.
Naturalmente que o concelho de Penafiel, fará parte dos seus primeiros objectivos, divulgar os projectos e sobretudo valorizar a freguesia e os Jovens que com grande capacidade e talento mostram o seu valor.

 

Mas a surpresa encontra-se no novo trabalho já iniciado “José Raia/Joaquim Picota vidas cruzadas”.
Este é na realidade uma grande aposta, com gente capaz de conseguir fazer cada vez melhor, retratam assim duas figuras típicas da terra de grande carisma, que nasceram nos anos vinte e demarcaram uma época.
Fernando Leal é o actor principal, neste papel interpreta Raia que arrasta consigo outra personagem Picota.
É um trabalho único realizado pelo grupo demonstrando a realidade desde os anos quarenta até ao final da vida do “Raia” apresentado em três fazes da vida das duas figuras desde o seu Nascimento até á sua morte. 

 

Reinaldo Meireles
Jovens na Ocupação de Tempos Livres

 

 O CONVITE 


Com já diversas cenas realizadas; Nascimento do Raia; Nascimento do Picota; Raia no Monte; Raia e Picota no rio Sousa e Morte do Raia, prepara-se agora a cena numero um e de abertura do trabalho “A sacha do milho nos anos sessenta” que se realizará no dia 30 - 06 -2007 e que estará aberta a todos com idades compreendidas entre os dezasseis e cem anos de idade e onde no final será servida sardinha frita da pequenina com bom vinho da região, conforme era típico nesses tempos.
Continua-se assim a testar cada vez mais as capacidades de interpretação de quem nele participa e queira participar.

Reinaldo Meireles
Jovens na Ocupação de Tempos Livres




A PROPOSTA

RAIA/PICOTA VIDAS CRUZADAS

Joaquim Pacheco "PICOTA"

Mais conhecido por Picota esta figura marcou também os Novelenses.
Era um homem de grande compleição física, por todos era temido, sendo várias vezes chamado para ajustar contas noutras aldeias, por cargas de porrada sofridas pelos seu companheiros. A sua residência era uma dependência que se assemelhava a um beiral, embora com as condições mínimas de vivência.

 

Faleceu na casa das Melas em Novelas em 25 de Maio de 2005 de morte súbita.

Fernando Leal




 RAIA/PICOTA VIDAS CRUZADAS
PREPARAÇÃO

 

As filmagens estão a chegar ao fim e as ideias começam a combinar. Produzido por um grupo representado e dirigido por Reinaldo Meireles, esta apresentação demonstra claramente o avanço significativo de mais um trabalho.

Com características diferentes, cada um á sua maneira marcou Novelas e se não fosse pelo facto de terem deixado morrer o Zé com 56 anos de idade e provavelmente morto, com 38 anos, António Correia de Almeida Lucena, poder-se-ia dizer que não seria de mencionar. Austero ousado e destemido são palavras que poderão classificar um fontista, um jurista, higienista, pré urbanista e esclarecido autarca. Nasceu no séc. XIX deixou marcas em Novelas e os seus netos conheceram o ZÉ.
Um trabalho magnífico, gente capaz de mostrar os seus dotes, dignificaram na realidade a imagem do Zé do Quim, e retrataram outras que foram algo de excepcional dentro e fora da freguesia …


 
Recuamos no tempo e lembramos algumas ligações de homens do passado… As celebridades diferentes de cada um, fazem com que o pensamento se afaste da notoriedade como outrora… onde, Raia e Picota marcaram uma época.
È uma honra e por uma nobre causa que realizamos este trabalho conhecer as suas origens e as nossas ligações… Novelas “movente dos flancos e nascente de uma planície ondeada de prata e azul encimada por dois perfis de carril de prata” irá ter o privilégio de se ver retratada com dignidade nestas duas figuras.
Uma época numa freguesia bem á moda Portuguesa dos anos dezoito, a cinquenta.
Foi em Novembro de 1918, uma tarde de Inverno, diferente das tardes de hoje, o barulho ensurdecedor da trovoada, a agua a correr na levada do Rio Sousa junto á casa de Maria e a chuva intensa apadrinhava, a que José da Silva Ferreira nascesse mais depressa...


NÃO DEIXE DE VER ESTE TRABALHO



Novelas 19 de Novembro de 2007




domingo, 18 de novembro de 2007

DVD - 29 "UM HOMEM DE ABRIL".

HOMENAGEM AO SINDICALISTA E HOMEM DE ABRIL
ANTÓNIO AMÉRICO DA SILVA LEAL!

  
No dia 3 de Novembro de 2007, na Junta de Freguesia de Novelas, Reinaldo Meireles e Fernando Leal levaram a efeito a homenagem a um homem de Abril.
Nasceu no meio de um país desgraçado no ano de 1952, António Américo da Silva Leal terminando os últimos dias da sua vida como Dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário. Certamente era um Homem de Abril.
É tão simples e é realmente com emoção quando se fala de alguém que passou despercebido na sua terra, que estava mesmo ao seu lado e nunca foi elogiado, um lutador, uma pessoa íntegra e principalmente um defensor dos direitos dos trabalhadores.
Desde muito pequeno percebeu as dificuldades e a realidade, tendo atravessado a época do fascismo, onde lutou numa resistência determinada, em particular da classe operária.
Um dia em quanto o seu pai à noite ouvia a rádio da Argélia e ele era muito pequeno, dizia-lhe… "Estavas ali, ouviste alguma coisa? Não digas nada a ninguém".
Era mesmo um país desgraçado…
Em 1965 e numa sua passagem pela escola o seu sentido crítico em relação a posições justas aumentou, sendo de salientar que, no último trimestre do seu 3º ano, quando disse ao seu pai que talvez reprovasse, recusou a oferta para que alguém falasse com os seus professores.
Dizia que era contra favores para se tentar solucionar problemas.
Mas foi crescendo e a sua determinação era cada vez maior, enquanto que nas fábricas nos campos nas universidades, apesar do terror fascista, o povo resistia… ele fazia parte também dessa resistência.
Começou a trabalhar desde os 13 anos, era um trabalho custoso: forrar condutas com lã de vidro. Aos 15 anos, como era filho de ferroviário e tinha o ciclo preparatório, surgiu - lhe a possibilidade de entrar na escola de aprendizes da CP.
No 2º ano começou a aprender a especialidade de serralheiro de máquinas e ferramentas.
Entrou oficialmente para a CP, em 1967 – e acabara de entrar num quartel. Só podiam sair das oficinas no termo do horário de trabalho ou com autorização assinada pelo chefe a explicar que iam ao posto médico ou outro motivo maior. Trabalhou na modernização da CP, na transformação do vapor para o sistema eléctrico.
E quando em 1968 começaram a notar-se alguns desenvolvimentos na reacção dos ferroviários começaram a criar resistências. Em princípios de 1969, foram recolhidas 13 mil assinaturas de contestação à forma como se processavam os aumentos salariais, e propunham-se aumentos iguais para todos.
Esse conjunto de reivindicações veio a culminar, no início de 1969, na greve da braçadeira preta.
 
 

A polícia política prendeu os que estavam à frente do movimento, mas o certo é que o Governo teve de ceder e mais tarde viria a cair…
O seu heroísmo conduziu-o a assentar praça em Leiria em Janeiro de 74, e quando se deu o 25 de Abril estava em Évora, a última região militar a render-se.
Partiu para Angola como militar já depois do 25 de Abril mais propriamente em Maio de 74 onde lhe foi marcado a voz da rádio e em Zala mostraram ser um batalhão da paz.
Momentos difíceis, onde lhe foi possível estabelecer contactos com os movimentos de libertação da zona, conviver com eles e almoçar ou jantar juntos.
Era verão quente de 75 e o fim da guerra no ultramar, de onde regressou para contar.
A 25 de Novembro de 75 a força militar passa para o lado contra da revolução, mas a força das massas continua a impor a genuína vontade popular e impõe ainda a provação da constituição a 2 de Abril de 1976. Com a tomada de posse do primeiro governo constitucional o processo da contra revolucionário acelera-se. As portas que Abril abriu nãos estão fechadas, na mobilização popular na luta de massa na resistência ás política reaccionárias dos sucessivos governos constrói-se a rotura democrática que como sublinhou o poeta, devolverá o poder a barriga da terra que em boa hora o pariu.
Regressou do ultramar, voltou para a CP. e a sua entrada no sindicalismo deu-se em 1976. Nesse ano, como a Constituição da República Portuguesa previa, criaram uma Comissão de Trabalhadores no seu grupo oficinal. Tinha uma opção político - partidária e, naturalmente, apoio e suporte em toda uma série de iniciativas que foi levando à prática.
A primeira luta em que participou no seu grupo oficinal na CP depois do 25 de Abril teve a ver com os preços na cantina em 1976, o pessoal resistiu e levou, mais tarde, à criação de um subsídio de refeição.
Fez parte da Comissão de Trabalhadores e Delegado Sindical. A aprendizagem e vivência, levou a que fosse escolhido pelos seus camaradas em 1979, para a direcção do Sindicato dos Ferroviários do Norte e por decisão da direcção, começou também a fazer parte das Comissões Sindicais Negociadoras da CP. Foi uma mudança radical na sua vida. Para quem tinha uma vida mais ou menos estabilizada e alguma inexperiência, essa foi a época das grandes estreias e das noitadas em Lisboa.
Entre 1976 e 1981 conseguiram obter um regulamento de carreiras, férias, subsídio de férias, 13º mês, subsídio de refeição e um prémio de produtividade que nada tinha a ver com o que antes existia.
 
 

Era realmente uma luta cerrada pelos direitos dos trabalhadores.
Os picos da luta dos ferroviários ocorreram entre finais dos anos 70 e meados de 1980. O protocolo negociado em 25 de Abril de 1986 oferece conquistas, o que lhes deu ainda mais ânimo.
Até 1999 tinham a Federação três sindicatos, o do Norte, Centro e Sul. A partir de 2000, a Federação e esses três sindicatos fundiram-se e criaram o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, que tem cinco direcções regionais. A Federação já não existe mas o grosso dos trabalhadores ainda diz "sou sócio da Federação".
Não há dúvidas, de que certas medidas do Governo e da própria empresa com vista ao desmembramento da CP visavam também uma grande machadada no movimento sindical.
Num primeiro estudo encomenda aos canadianos pelo Governo Português, afirmaram que este tinha uma estrutura sindical forte. Continua uma forte preocupação na forma como cada vez mais se deita para o caixote do lixo uma série de direitos dos trabalhadores.
Os homens do poder é que gerem os tempos dos trabalhadores, estes agora não têm condições para serem eles a gerir o seu tempo. Mas não acredito que isto seja eterno, há-de chegar o momento para dar um abanão.
Dizia ter fé que ainda fosse para o seu tempo.

Novelas 05 de Novembro de 2007
Reinaldo Meireles
 

 QUE CADA, SEJA RESPONSABILIZADO PELOS SEUS ACTOS!

 Bom e agora, 34 anos depois da revolução e de lutas constantes pela dignidade e justiça social, acreditando sempre com esperança de que Abril volte um dia, da mesma forma que António Américo da Silva Leal acreditava coloca-se a questão:
- O que é que os nossos governantes fizeram desde a revolução 25 de Abril, até agora?
- Onde é que estavam?
- Que política exerceram sobre os mais desfavorecidos?
Vejam á vossa volta.
O pobre está cada vez mais pobre e a classe média a deixar de existir!
Souberam utilizar a liberdade com a certeza para nos enganar, e para não ficarmos mais pobres vamos ter muito que lutar.
É assim?
Mandam-nos para trás… mandam-nos para a esquerda, para a direita… para qualquer lado… e nós vamos, vamos ficando mais pobres e os ricos cada vez mais ricos com o sofrimento dos pobres.
Tiram-nos tudo, mas contudo esquecem-se que nos tiraram o medo também.
Não, não. Tiram-nos tudo e pensam que compram tudo… até compram o pobre que fica cada vez mais pobre, voltamos novamente ao início...
Não. Não…
Ninguém consegue comprar tudo. Não conseguem comprar o pobre.


          E o pobre... ai o pobre. O pobre é aquele que morre com mais dignidade só porque morre pobre porque nunca roubou ninguém.
Resta-me apenas ter confiança na nova geração, acreditar que Abril há-de voltar, e desta vez…. ai desta vez…vai ser de vez
Vamos ter esperança que se alterem as mentalidades e brevemente sejamos capazes, com paz de encontrar a solução desejada para todos.

JUSTIÇA, IGUALDADE, FRATERNIDADE!

Novelas 18 de Novembro de 2007