domingo, 18 de novembro de 2007

DVD - 29 "UM HOMEM DE ABRIL".

HOMENAGEM AO SINDICALISTA E HOMEM DE ABRIL
ANTÓNIO AMÉRICO DA SILVA LEAL!

  
No dia 3 de Novembro de 2007, na Junta de Freguesia de Novelas, Reinaldo Meireles e Fernando Leal levaram a efeito a homenagem a um homem de Abril.
Nasceu no meio de um país desgraçado no ano de 1952, António Américo da Silva Leal terminando os últimos dias da sua vida como Dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário. Certamente era um Homem de Abril.
É tão simples e é realmente com emoção quando se fala de alguém que passou despercebido na sua terra, que estava mesmo ao seu lado e nunca foi elogiado, um lutador, uma pessoa íntegra e principalmente um defensor dos direitos dos trabalhadores.
Desde muito pequeno percebeu as dificuldades e a realidade, tendo atravessado a época do fascismo, onde lutou numa resistência determinada, em particular da classe operária.
Um dia em quanto o seu pai à noite ouvia a rádio da Argélia e ele era muito pequeno, dizia-lhe… "Estavas ali, ouviste alguma coisa? Não digas nada a ninguém".
Era mesmo um país desgraçado…
Em 1965 e numa sua passagem pela escola o seu sentido crítico em relação a posições justas aumentou, sendo de salientar que, no último trimestre do seu 3º ano, quando disse ao seu pai que talvez reprovasse, recusou a oferta para que alguém falasse com os seus professores.
Dizia que era contra favores para se tentar solucionar problemas.
Mas foi crescendo e a sua determinação era cada vez maior, enquanto que nas fábricas nos campos nas universidades, apesar do terror fascista, o povo resistia… ele fazia parte também dessa resistência.
Começou a trabalhar desde os 13 anos, era um trabalho custoso: forrar condutas com lã de vidro. Aos 15 anos, como era filho de ferroviário e tinha o ciclo preparatório, surgiu - lhe a possibilidade de entrar na escola de aprendizes da CP.
No 2º ano começou a aprender a especialidade de serralheiro de máquinas e ferramentas.
Entrou oficialmente para a CP, em 1967 – e acabara de entrar num quartel. Só podiam sair das oficinas no termo do horário de trabalho ou com autorização assinada pelo chefe a explicar que iam ao posto médico ou outro motivo maior. Trabalhou na modernização da CP, na transformação do vapor para o sistema eléctrico.
E quando em 1968 começaram a notar-se alguns desenvolvimentos na reacção dos ferroviários começaram a criar resistências. Em princípios de 1969, foram recolhidas 13 mil assinaturas de contestação à forma como se processavam os aumentos salariais, e propunham-se aumentos iguais para todos.
Esse conjunto de reivindicações veio a culminar, no início de 1969, na greve da braçadeira preta.
 
 

A polícia política prendeu os que estavam à frente do movimento, mas o certo é que o Governo teve de ceder e mais tarde viria a cair…
O seu heroísmo conduziu-o a assentar praça em Leiria em Janeiro de 74, e quando se deu o 25 de Abril estava em Évora, a última região militar a render-se.
Partiu para Angola como militar já depois do 25 de Abril mais propriamente em Maio de 74 onde lhe foi marcado a voz da rádio e em Zala mostraram ser um batalhão da paz.
Momentos difíceis, onde lhe foi possível estabelecer contactos com os movimentos de libertação da zona, conviver com eles e almoçar ou jantar juntos.
Era verão quente de 75 e o fim da guerra no ultramar, de onde regressou para contar.
A 25 de Novembro de 75 a força militar passa para o lado contra da revolução, mas a força das massas continua a impor a genuína vontade popular e impõe ainda a provação da constituição a 2 de Abril de 1976. Com a tomada de posse do primeiro governo constitucional o processo da contra revolucionário acelera-se. As portas que Abril abriu nãos estão fechadas, na mobilização popular na luta de massa na resistência ás política reaccionárias dos sucessivos governos constrói-se a rotura democrática que como sublinhou o poeta, devolverá o poder a barriga da terra que em boa hora o pariu.
Regressou do ultramar, voltou para a CP. e a sua entrada no sindicalismo deu-se em 1976. Nesse ano, como a Constituição da República Portuguesa previa, criaram uma Comissão de Trabalhadores no seu grupo oficinal. Tinha uma opção político - partidária e, naturalmente, apoio e suporte em toda uma série de iniciativas que foi levando à prática.
A primeira luta em que participou no seu grupo oficinal na CP depois do 25 de Abril teve a ver com os preços na cantina em 1976, o pessoal resistiu e levou, mais tarde, à criação de um subsídio de refeição.
Fez parte da Comissão de Trabalhadores e Delegado Sindical. A aprendizagem e vivência, levou a que fosse escolhido pelos seus camaradas em 1979, para a direcção do Sindicato dos Ferroviários do Norte e por decisão da direcção, começou também a fazer parte das Comissões Sindicais Negociadoras da CP. Foi uma mudança radical na sua vida. Para quem tinha uma vida mais ou menos estabilizada e alguma inexperiência, essa foi a época das grandes estreias e das noitadas em Lisboa.
Entre 1976 e 1981 conseguiram obter um regulamento de carreiras, férias, subsídio de férias, 13º mês, subsídio de refeição e um prémio de produtividade que nada tinha a ver com o que antes existia.
 
 

Era realmente uma luta cerrada pelos direitos dos trabalhadores.
Os picos da luta dos ferroviários ocorreram entre finais dos anos 70 e meados de 1980. O protocolo negociado em 25 de Abril de 1986 oferece conquistas, o que lhes deu ainda mais ânimo.
Até 1999 tinham a Federação três sindicatos, o do Norte, Centro e Sul. A partir de 2000, a Federação e esses três sindicatos fundiram-se e criaram o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, que tem cinco direcções regionais. A Federação já não existe mas o grosso dos trabalhadores ainda diz "sou sócio da Federação".
Não há dúvidas, de que certas medidas do Governo e da própria empresa com vista ao desmembramento da CP visavam também uma grande machadada no movimento sindical.
Num primeiro estudo encomenda aos canadianos pelo Governo Português, afirmaram que este tinha uma estrutura sindical forte. Continua uma forte preocupação na forma como cada vez mais se deita para o caixote do lixo uma série de direitos dos trabalhadores.
Os homens do poder é que gerem os tempos dos trabalhadores, estes agora não têm condições para serem eles a gerir o seu tempo. Mas não acredito que isto seja eterno, há-de chegar o momento para dar um abanão.
Dizia ter fé que ainda fosse para o seu tempo.

Novelas 05 de Novembro de 2007
Reinaldo Meireles
 

 QUE CADA, SEJA RESPONSABILIZADO PELOS SEUS ACTOS!

 Bom e agora, 34 anos depois da revolução e de lutas constantes pela dignidade e justiça social, acreditando sempre com esperança de que Abril volte um dia, da mesma forma que António Américo da Silva Leal acreditava coloca-se a questão:
- O que é que os nossos governantes fizeram desde a revolução 25 de Abril, até agora?
- Onde é que estavam?
- Que política exerceram sobre os mais desfavorecidos?
Vejam á vossa volta.
O pobre está cada vez mais pobre e a classe média a deixar de existir!
Souberam utilizar a liberdade com a certeza para nos enganar, e para não ficarmos mais pobres vamos ter muito que lutar.
É assim?
Mandam-nos para trás… mandam-nos para a esquerda, para a direita… para qualquer lado… e nós vamos, vamos ficando mais pobres e os ricos cada vez mais ricos com o sofrimento dos pobres.
Tiram-nos tudo, mas contudo esquecem-se que nos tiraram o medo também.
Não, não. Tiram-nos tudo e pensam que compram tudo… até compram o pobre que fica cada vez mais pobre, voltamos novamente ao início...
Não. Não…
Ninguém consegue comprar tudo. Não conseguem comprar o pobre.


          E o pobre... ai o pobre. O pobre é aquele que morre com mais dignidade só porque morre pobre porque nunca roubou ninguém.
Resta-me apenas ter confiança na nova geração, acreditar que Abril há-de voltar, e desta vez…. ai desta vez…vai ser de vez
Vamos ter esperança que se alterem as mentalidades e brevemente sejamos capazes, com paz de encontrar a solução desejada para todos.

JUSTIÇA, IGUALDADE, FRATERNIDADE!

Novelas 18 de Novembro de 2007





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